domingo, 27 de março de 2016

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Tem um momento no dia, que ultimamente tem sido meu favorito.
É aquele segundo, que você abre os olhos,
você ainda não acordou,
mas também não deixou de dormir.
Ainda tá tudo do jeito que você sonha,
perfeito.
Aquele um segundo não parece o dia inteiro?
Até você acordar.
E ter que encarar.
Tudo. Todos.
Todo dia. De novo. Mais um dia.
Só mais um. Mais uma vez.
Vamo lá, amanhã é outro.

E você acorda de um pesadelo.
Naquele dia seu um segundo foi pro espaço, não se sabe onde se enfiou.
E se o seu gostinho do paraíso não existiu,
como o resto do seu dia pode prosseguir?
Bem é que não é.
Falta alguma coisa. O dia inteiro.
Aquela sensação.

Parece mágica, o que desaparece da gente.
Que deixa o vazio da cartola.
Sem pedir permissão te invade e te assola.
E logo vai.
Mas a gente espera a volta.


Um comentário:


  1. Não se afobe, não
    Que nada é pra já
    O amor não tem pressa
    Ele pode esperar em silêncio
    Num fundo de armário
    Na posta-restante
    Milênios, milênios no ar

    E quem sabe, então
    O Rio será
    Alguma cidade submersa
    Os escafandristas virão
    Explorar sua casa
    Seu quarto, suas coisas
    Sua alma, desvãos

    Sábios em vão
    Tentarão decifrar
    O eco de antigas palavras
    Fragmentos de cartas, poemas
    Mentiras, retratos
    Vestígios de estranha civilização

    Não se afobe, não
    Que nada é pra já
    Amores serão sempre amáveis
    Futuros amantes, quiçá
    Se amarão sem saber
    Com o amor que eu um dia
    Deixei pra você

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