Tem um momento no dia, que ultimamente tem sido meu favorito.
É aquele segundo, que você abre os olhos,
você ainda não acordou,
mas também não deixou de dormir.
Ainda tá tudo do jeito que você sonha,
perfeito.
Aquele um segundo não parece o dia inteiro?
Até você acordar.
E ter que encarar.
Tudo. Todos.
Todo dia. De novo. Mais um dia.
Só mais um. Mais uma vez.
Vamo lá, amanhã é outro.
E você acorda de um pesadelo.
Naquele dia seu um segundo foi pro espaço, não se sabe onde se enfiou.
E se o seu gostinho do paraíso não existiu,
como o resto do seu dia pode prosseguir?
Bem é que não é.
Falta alguma coisa. O dia inteiro.
Aquela sensação.
Parece mágica, o que desaparece da gente.
Que deixa o vazio da cartola.
Sem pedir permissão te invade e te assola.
E logo vai.
Mas a gente espera a volta.
ResponderExcluirNão se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios no ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você